As Chaves do Armário

Narro aqui a descoberta de três caras e compartilho-as com o mundo. O certinho, o romântico e o galinha. Qual deles terá a chave da felicidade? Aquela que abre as portas do armário? Algumas histórias aqui aconteceram de verdade, do jeitinho que está escrito. Outras aconteceram de forma semelhante, mas foram narradas com algumas alterações para que fosse preservada a identidade das pessoas mencionadas.

domingo, janeiro 28, 2007

Capítulo 18 - Sexo, Drogas e Rock and Roll !!! (As drogas como Chave do Armário???? Tô fora !!!)

Primeiro lugar queria me desculpar pela demora da postagem. Mas meu namorado, paixão da minha vida, aquele do post "amor de pica é o que fica" chegou do Rio. Isto mesmo, voltamos, e desde que ele chegou decidimos muitas coisas. Decidimos mudar de cidade, parar de brigar. E ele decidiu por mim, que tinha que por um fim no blog (afinal, que namorado quer ver as transas de seu parceiro publicadas na internet para todo mundo ler?), o que foi motivo de outra briga. Mas agora estamos conversados e cá estou eu novamente. E a história de hoje se refere á época em que eu e ele nos conhecemos. Eu morava na cidade onde meus pais moravam e era o maior drogadinho cheirador de cocaína. Tudo começou quando eu tinha quinze anos e morava numa cidade bem grande. Eu sempre fui meio carentezinho e queria muito me enturmar, mas meu pai e minha mãe eram super rígidos na educação minha e de meu irmão. Tudo o que podíamos fazer era estudar e estudar. Amigos em casa, nem pensar. E via meu irmão , dois anos mais velho, cada vez mais nerd, e não queria seguir o mesmo caminho. Então tinha uma turminha no meu colégio, os fodões. Parecia coisa de filme adolescente americano. E eu queria entrar para turma de todo jeito. Então com treze anos comecei a fumar o cigarro da empregada da minha mãe. Lembro direitinho ela me ensinando a fumar "Campeão" no banheiro de seu quarto. Nunca vou me esquecer como eu engasgava. Uns quinze dias depois, cheguei perto da turminha e acendi o cigarro. Do nada , aquele gordinho tímido, foi hiper bem aceito, pois eles eram fodões para os outros, mas nem fumar eles sabiam. Então meio que me tornei o líder da turminha do mal. Como tinha sido muito gordinho desde novo, tive que me sobressair de alguma forma e era mega estudioso e simpático com todos. Então quando virei um dos fodões, dei uma emagrecida, mas o cara gente fina e que passava cola para todo mundo ainda estava ali. Daí que comecei a beber, mas detestava maconha. E aos dezesseis anos comecei a cheirar farinha, pó, sei lá como vão descrever. Eu detestava maconha, tinha pressão baixa e meio que desmaiava quando fumava. Mas a farinha me deixava ligadaço, antenado e era a melhor e mais rápida forma de emagrecer. Enfim fui virando homem, sempre com o maço de Free do lado e a peteca de farinha do outro lado. Fiz todas as loucuras que um adolescente drogado pode ter feito: roubei dinheiro da carteira do meu pai, roubei carro escondido e bati, matava todas as aulas. O típico garoto problema. Cheguei até a ser expulso do colégio. Mas ainda não tinha tesão por homem nenhum. Daí uma vez com dezenove anos, já na faculdade, trabalhando e mesmo assim me drogando estávamos na casa de um amigo quando ele colocou umas carreiras e de repente dois deles, totalmente héteros estavam se beijando. No outro dia, ninguém falou nada, todo mundo tranquilão. Daí depois de minhas primeiras transas gays, quando ia nas boates, já ia cheirado, acho que para ter força de chegar nos caras e transar. Realmente a cocaína me dava força para poder ter minhas transas gays. Uma das Chaves do Armário. Uma chave velha, torta, enferrujada. Mas a única que conhecia até o momento. E quando conheci o cara da pica maior do mundo, eu estava no começo do meu fim nas drogas. Me drogava todos os dias. Minha namorada na época, ficava louca. E quando terminei com ele mergulhei de vez. Acho que nem ele sabe disto. E cheguei a fazer tratamento numa clínica. Esta minha namorada foi a pessoa que me deu o maior apoio e estou limpo desde novembro de 1997. Foram sete anos de muita farinha e putaria. Lembro que tinha alguns efeitos. Primeiro a gente ficava muito louco, meio que se sentia super homem. Além de emagrecer horrores ( e ficar com homens héteros mais lindos do mundo, mas que cheirados davam o rabo lindamente). A maior desvantagem era quando o pau não subia de jeito nenhum. Um amigo meu Fred, conheceu um cubano uma vez e foram cheirar. O pau dos dois travou. E Fred decidiu colocar um desodorante no rabo do cubano. Ri muito quando Fred contou que a tampa do desodorante engatou no cu do cara e não saía de jeito nenhum. E ri mais ainda quando Fred simulou os movimentos que o cara fazia, para expelir a tal tampa. Outra vantagem das drogas era que você poderia entrar em qualquer lugar seja gay, hétero, bagaceira ou super chic, que ninguém ia incomodar. Afinal você tinha sempre a desculpa de estar buscando a farinha da noite. E isto é muito triste. Podemos ser drogados que muitas pessoas aceitam, mas gays não. Quantas vezes ouvi relatos de amigos em que seus pais diziam:'' Meu filho pode ser drogado, mas gay nunca". Como assim? o cara pode ser o maior drogado do mundo, roubar, até mesmo matar que tem perdão. Mas se for gay não tem valor nenhum? Tenho um problema sério com isto. Minha família sabe, mas meus parentes não. Então estava na casa de minhas tias solterionas mega religiosas. E estavam falando bem do papa por ele condenar o homossexualismo. Falavam que era certo, que onde já se viu? Daí fiquei pensando: o único sobrinho delas que vai lá toda semana, que as leva em shows, que joga baralho com elas, que as leva em médicos é gay. Os outros casados e tudo mais estão cagando para elas. Mas não tive coragem. Duas senhorinhas de 70 anos não iriam aguentar a revelação. Então me calei e fiquei umas duas semanas sem aparecer por lá. Elas são dois exemplos de pessoas que aceitam pessoas drogadas e não aceitam gays. Sempre me apoiaram na época das drogas, mas se soubessem que sou gay, irão me apoiar? Enfim, como disse estou livre desde novembro de 1997, mas de lá para cá passei muitos apertos. Adquiri certos cacoetes típicos dos farinheiros, tipo entrar na balada e ficar ligado e inqueito sempre olhando para todos os lados, e acho que por estes cacoetes muitas pessoas se ligavam e assim que eu entrava alguém me perguntava se eu tinha ou se estava afim de dar um tiro. E isto tem acontecido até hoje. Quando conheci os meninos tive muita sorte dos dois serem os caretas e embora eu e Patrick bebêssemos muito na noite nunca cheiramos nada. Ás vezes me dava uma crise de tristeza meio que querendo sentir todas aquelas emoções novamente. Mas era por causa do vício mesmo. A alegria que eu ficava na balada, a sensação de que era super-poderoso, ficar dias sem precisar comer. Tudo isto era gostoso demais. Mas a decepção que dei para minha família na época, o sentimento de meus pais é mais forte do que todas as alegrias e despreendimento que a farinha me proporcionou. E fora que uma boa transa totalmente lúcido, é melhor que comer a pessoa de pau meio mole ou que ter que enfiar um tubo de desodorante no cu do cara.

16 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ei, não pára de escrever no blog não. É muito bacana. valeu !!

12:26 AM  
Blogger Alexandre Lucas said...

Sinceridade e dom para escrever são coisas raras. Continue mesmo, cara. Abraço!
Bem no alvo contra os hipócritas este post de hoje ;-)

2:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Paulo,
Chamo-me Leonardo e tenho acompanhado o seu blog com interesse desde que ele foi anunciado na Folha. Não sou gay, mas interesso-me muito pelo estudo da sexualidade humana e, assim, tenho sido um leitor assíduo dos seus textos. Não aceito também a atitude hipócrita de pessoas que rejeitam os homossexuais, mas aceitam os drogadictos, preferindo estes àqueles. Creio que drogadictos e gays precisam da nossa compreensão e da nossa ajuda, se assim eles desejarem, assim como qualquer ser humano. Contudo, fico preocupado com a repercussão que seu depoimento sobre drogas pode ter sobre os mais jovens. Creio que você deveria sublinhar de maneira enfática os perigos embutidos nos tóxicos e seu potencial para destruir vidas e afetos intra e inter-familiares. O drogadicto precisa de ajuda, mas a drogadicção deve ser combatida e condenada com todo o nosso esforço. E você pode contribuir para isso, a partir do seu blog, da sua experiência de vida, do seu exemplo de recuperação. Parabéns pelo blog e espero que essas minhas palavras lhe tragam alguma reflexão, redundando em uma postura mais agressiva e menos glamourizada das drogas, em seu blog. Abraço,
Leonardo.

11:09 AM  
Blogger chaves said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

11:50 AM  
Blogger chaves said...

Prezado Leonardo,
concordo com você e depois de reler o texto, realmente percebi que embora não faça apologia nenhuma ás drogas, não descreve a realidade total. Deve ser pelo impacto que isto teve em minha vida, tenho uma dificuldade em relembrar todo sentimento ruim que passei. Hoje de noite vou escrever com calma num outro post, as experiências péssimas que tive, para ficarem como alerta. Obrigado pela mensagem e pelo toque. Abraço,
"Paulo Martins"
Obs: quando você diz que drogaditos e gays precisam de compeensão e ajuda se quisermos, aceito a compreensão para gays, mas acho ajuda um termo forte. Acho melhor a palavra aceitação. Não estamos em grandes dificuldades poara sermos ajudados, mas ainda temos sofremos muitos preconceito. A aceitação sim, é o que precisamos. Abração e valeu velhinho !!! Comente sempre.

11:53 AM  
Anonymous Anônimo said...

Paulo,
concordo com você. O texto está informando que droga não vale a pena, afinal eu não gostaria que enfiassem um tudo de desodorante na minha bunda pq o p.. estava mole. Só isto já é motivo para nõ me drogar.. hehee
Quero ler teu post das experiências com droga de noite..
Valew brow.

12:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Paulo,
Muito obrigado por ter lido e considerado a minha mensagem.
Fico feliz que você está reconsiderando seu texto, que anuncia perigosamente "as drogas como as chaves do armário". Essa mensagem pode ser muito nociva e você sabe disso muito melhor do que eu, pois viveu o problema na própria carne.
Gostaria de salientar que eu não acho que os gays precisam de nossa ajuda sempre, mas apenas quando eles assim o desejarem, qualquer que seja o motivo do sofrimento. Isso, aliás, deveria valer não apenas para homossexuais, mas para qualquer pessoa que precise de apoio em um momento difícil. Somos sempre responsáveis por estender a mão àquele que pede. Isso é totalmente diferente de aceitação e compreensão, que devem ser sempre a base das nossa relação com o outro, seja ele homossexual, heterossexual, marciano, venusiano, escafandrista ou especialista em batráquios indonésios. É apenas com tolerância, aceitação e compreensão que faremos uma humanidade melhor. Grande abraço e, mais uma vez, obrigado pela resposta!
Leonardo.

1:11 PM  
Blogger chaves said...

Leonardo,
mudeio título em tua homenagem !!! hehehe..
Abraço,

Paulo

1:18 PM  
Anonymous Anônimo said...

Estou aqui para reforçar os pedidos que continue a escrever no blog !!!

Sobre o texto, acho que com essa experiência vc terá mta coisa a dizer para evitar que novas pessoas se iludam com as drogas !!!
Valeu... uma ótima semana !!!
abrassaum

2:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

essas tias, essas tias, mas quem não as tem?

8:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

olha só, fiquei órfão esses dias em q vc não escreveu, tá!

diz, pro "picão" q ele não precisa ter ciúmes do blog. isso não combina c/ a pessoa iluminada q ele é, ok?!

e, qnto a "sexo, drogas e rock and roll", sou mais "sexo, chocolate e madonna"! c/o vc bem disse, sempre fui careta. não entendo o "porque" de alguem precisar da droga (seja ela qual for) p/ se divertir ou viver mas, respeito...

e, achei um pouco pejorativo dizer q drogados e "gays" precisam de compreensão(???) drogados precisam de "tratamento", "orientação". gays não!

tô morrendo de saudades de vc's

bju
paolo

8:49 AM  
Anonymous Anônimo said...

Nossa! J´tava me sentindo órfão! "Cadê meu blog? Ele não vai mais voltar pra casa?"Heheheheheh!

Muando de assunto...mas que período triste de sua vida, viu?
Fico feliz que vc tenha conseguido se libertar da dependência.
Go ahead!

Pericles_Souza

9:32 AM  
Anonymous Anônimo said...

Paulo:
Que saudades! Bom que você voltou, mas é melhor ainda saber que está bem.
Você não pode nos deixar. Continua escrevendo. Adoro ler seus comentários.
Abraços,
Kadu

12:59 AM  
Blogger O Marinheiro said...

Essa de tudo bem ter um filho drogado, bandido ou estuprador, mas não gay é uma coisa que eu tbem nunca vou entender. Que porra de sociedade doente é essa em que a gente vive?

Isso sim é que deveria ser considerada a corrupção da moral e dos bons costumes...

7:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vc escreve muuuito mal!

12:26 PM  
Anonymous Anônimo said...

adoro o blog.
atualize!!!!
:D

3:28 AM  

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